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Os 14 anos de trajetória do milionário ICQ

Primeiro vinha um estrondoso barulho de navio. Depois, a cada mensagem, era a vez de um ser robótico com voz infantil gritar algo como “ó-ou!” pelas caixas de som da maioria dos computadores ligados no fim da década de 90.

A sinfonia do mensageiro instantâneo ICQ marcou toda uma geração que sofria, geralmente pelas madrugadas (quando as tarifas eram mais baratas), para se conectar via dial-up e trocar mensagens, correntes, URLs, listas e fotos com seus contatos.

Depois da febre, no entanto, com a tática agressiva de marketing da Microsoft para promover o MSN Messenger e a lenta evolução do ICQ, poucos brasileiros e americanos continuaram a usar o serviço. Para muitos, a ferramenta morria já nos anos 2000, acompanhando Netscape, Napster e outras populares aplicações de web extintas na época.

Mas a verdade é que, mesmo sem crescer como antes, o ICQ nunca foi abandonado por russos, israelenses e alemães. A prova vem de números atualizados da comScore, que mostram, ainda hoje, 32 milhões de visitantes únicos nas páginas do serviço durante o mês de março e muita popularidade entre usuários europeus de 13 a 29 anos.

Pois tanta audiência qualificada somada às modernizações trouxeram, em 2010, muitos interessados na compra do serviço, como o grupo sul-africano Naspers e várias corporações do Leste Europeu.

Enfim, o ICQ anunciou que foi comprado por uma grande empresa russa, a Digital Sky Technologies Limited (DST), pelo valor de US$187,5 milhões, colocando grandes dúvidas sobre o que acontecerá com o serviço de mensagens instantâneas daqui para frente.

Como não é possível prever o futuro, vamos relembrar o passado do ICQ em ordem cronológica e, com isso, esclarecer por onde andou aquela inconfundível flor de sete pétalas verdes e uma vermelha por todo esse tempo distante da internet brasileira. Quem sabe assim, pelo histórico, consigamos analisar qual poderá ser o destino do mensageiro instantâneo.

A história do ICQ ano a ano:

1995/1996 – Entediados com os bate-papos pelo sistema operacional Unix, quatro jovens programadores israelenses, Yair Goldfinger, Sefi Vigiser, Amnon Amir e Arik Vardi decidiram se juntar para criar um novo serviço de comunicação online que fosse mais simples e popular (leia-se: voltado não só para desenvolvedores e compatível com Windows). Começava, no quarto de cada um deles, o embrião do serviço.

1996 – O quarteto e o pai de Arik Vardi fundam a empresa Mirabillis para tocar o projeto. As primeiras versões do ICQ – um trocadilho para “I Seek You” – são lançadas para uso restrito, gratuitamente.

1997 – São lançadas versões em fase beta do ICQ, compatíveis apenas com Windows. A velocidade da troca de mensagens e as listas de contatos agradam o público e chamam a atenção de investidores e empresas americanas.

1998 – Com o enorme sucesso da ferramenta na Europa e nos Estados Unidos, a AOL compra a Mirabillis em junho pelo valor de 407 milhões de dólares, o maior valor pago a uma empresa israelense em toda a história.

1999 – Febre mundial, o ICQ começa a despertar um sentimento de rivalidade em outras empresas, que decidem explorar o mesmo lucrativo mercado. A Microsoft lança, em junho de 1999, a primeira versão do MSN Messenger. O produto, porém, não decolaria. Ainda.

2000 – Depois de comprar a Time Warner, a AOL engloba seu próprio mensageiro instantâneo (AIM) ao ICQ, fazendo com que os usuários possam adicionar e compartilhar recursos entre as duas plataformas. A divisão de atenções no mesmo setor, contudo, causou um ritmo muito lento de inovações. Seria o último ano de grande prosperidade para o serviço.

2001 – A Microsoft inicia uma agressiva tática de marketing para promover o Messenger pelo mundo. O ocidente, aos poucos, vai se rendendo ao formato mais leve e “clean” da empresa de Bill Gates. No segundo semestre, grande parte dos usuários já havia abandonado o serviço criado pelos israelenses.

2002 – Mesmo sendo algo próximo a um deserto nas Américas, o ICQ ainda vivia bem na parte oriental e em alguns países da Europa ocidental, como a Alemanha. A queda rápida e inesperada do serviço, no entanto, começava a causar crises na AOL.

2003 – Os negócios do ICQ trocam de comando e as operações passam a ser voltadas para mercados específicos. O novo CEO, Orey Gilliam, inicia um período de reerguida do software.

2004 – ICQ retoma seu crescimento e, focado em países como Ucrânia, Rússia e Israel, torna-se, nos meses seguintes, um dos setores mais lucrativos da AOL.

2005 – Com sangue novo, o ICQ atrai muitas parcerias com sites (de busca, inclusive), emissoras de TV e grandes marcas.

2006/ 2008 – Ainda sem conseguir a expansão do seu mercado para outros países, o ICQ inova suas estruturas com Voip, SMS, sistemas de busca, perfis detalhados de usuários e galerias de imagens e emoticons.

2009 – AOL e Time Warner se separam e deixam o ICQ como um filho abandonado. Sem muita escolha, o comando é trocado: Gilliam dá lugar a Eliav Moshe, que se torna o diretor de operações do serviço.

2010 – Depois de lançar sua nova versão em 16 línguas e ser sondado pela empresa sul-africana Naspers, o ICQ é comprado por 187,5 milhões de dólares pela gigante russa Digital Sky Technologies (ou apenas DST) – menos da metade do valor que a AOL pagou pela Mirabillis. Hoje, de acordo com a comScore, o serviço possui 32 milhões de visitantes únicos todo mês e cerca de 80% dos seus usuários têm entre 13 e 29 anos – na grande maioria, moradores de países como Rússia, Alemanha, República Tcheca e Israel.

2011 – (Digite sua mensagem aqui).

ICQ: Veja o histórico do programa de mensagens instantâneas

O ICQ, serviço de mensagens instantâneas, foi vendido dia 28 de abril, por US$187,5 milhões à Digital Sky Technologies Limited (DST) – empresa russa que também possui ações do Zynga, Facebook e GroupOn.

Criado em 1996 pela Mirabilis, o ICQ já tinha sido vendido para AOL Time Warner em 1998, por cerca US$ 407 milhões na época. O programa fez enorme sucesso no Brasil durante o final da década de 90 e até metade dos anos 2000, quando o MSN tomou conta do mercado de messengers no país.

Os usuários de Internet que viveram esse período lembram, com nostalgia, do tempo em que a comunicação era feita através do ICQ. Apesar de a versão 7 do comunicador instantâneo trazer muitas novidades, como um novo visual e integração com redes sociais, ela não emplacou novamente no Brasil, já que o Windows Live Messenger ainda é absoluto na preferência dos usuários.

Esse cenário contrasta com a Rússia. Lá, o ICQ ainda continua rei entre os usuários. De acordo com a empresa de pesquisa comScore, das 33 milhões de pessoas que utilizam o ICQ, 8,5 milhões são russas. Não é a toa, então, que o serviço foi comprado por uma companhia daquele país.

A queda do império

1995 – Os israelenses Yair Goldfinger, Sefi Vigiser, Amnon Amir e Arik Vardi unem-se para criar um programa de comunicação online em tempo real que fosse fácil de usar.

1996 – Os quatro fundam a Mirabilis e distribuem o ICQ para uso restrito. A sigla é um trocadilho para “I Seek You” (“Eu Procuro Você”, em português).

1997 – A versão beta é lançada para a plataforma Windows. A velocidade das mensagens e a lista de contatos surpreende os usuários.

1998 – O ICQ faz muito sucesso e é vendido para a AOL por US$ 407 milhões. O valor é o mais alto pago à uma empresa de Israel na história.

1999 – Provavelmente, a melhor época do ICQ. Empresas que ainda não tinham despertado para o mercado de comunicação instantânea começam a se mexer. Em julho é lançada a primeira versão do MSN Messenger pela Microsoft.

2000 – A AOL engloba o seu mensageiro instantâneo, o AIM, ao ICQ. Seus usuários podem, agora, compartilhar os recursos dos dois programas. Por causa disso, o ICQ foi deixado um pouco de lado, abrindo o terreno para a concorrência.

2001 – A Microsoft começa a promover o MSN. Gradativamente, o comunicador da Microsoft ganha terreno no mundo. No Brasil, entretanto, o ICQ, ainda é unanimidade.

2002 – Começa a cair o império do ICQ nas Américas. No Oriente e em alguns países da Europa ocidental, o programa ainda possui uma boa aceitação e é muito utilizado. Algumas crises surgem na AOL.

2003 – É trocado o comando do ICQ, que passa a ser voltado a mercados mais específicos. Orey Gillian, o novo CEO, tenta iniciar uma nova era do programa. No Brasil, porém, o aplicativo tem seu último suspiro.

2004 – O ICQ cresce novamente no Leste Europeu, em países como Rússia e Ucrânia, tornando-se novamente uma das áreas mais lucrativas da AOL.

2005 – O ICQ fecha parcerias com diversos sites e emissoras de televisão.

2006 a 2008 – O programa inova em diversos sentidos. Cria suporte à VOIP e SMS, emoticons (como no MSN), galeria de fotos e muito mais.

2009 – AOL e Timer Warner rompem e o ICQ é deixado de lado. Eliav Moshe, torna-se o CEO.

2010 – É lançada a sétima versão do ICQ, com suporte a 16 línguas e a redes sociais. Em abril, o ICQ é vendido por US$ 187,5 milhões para a empresa russa Digital Sky Technologies.

ICQ é comprado por US$187,5 milhões

O serviço de mensagens instantâneas ICQ foi comprado por uma empresa russa pelo valor de US$187,5 milhões.

O ICQ foi criado em 1996 pela empresa israelense Mirabilis, mas a AOL adquiriu os direitos do programa em junho de 1998.

Popular no Brasil no final da década de 90 e início dos anos 2000, ele perdeu a força com a popularização do MSN Messenger, que já vinha instalado na maioria dos computadores.

Disponível em 16 línguas, o ICQ tem mais de 32 milhões de unique visitors por mês, de acordo com a Comscore. Cerca de 80% dos seus usuários têm entre 13 e 29 anos e ele é sucesso em países como a Rússia, a Alemanha, a República Tcheca e Israel.

A Digital Sky Technologies Limited (DST), companhia que comprou o ICQ, é a maior empresa de internet dos países de língua russa e leste europeu. A DST e DST Global possuem ações também do Facebook, Zynga e GroupOn.