O que ainda falta ao Facebook? E o que poderá acabar com ele?

O Facebook tem um problema enorme. Não, não é a segurança, não é a privacidade, o spam ao qual são submetidos por desenvolvedores de aplicativos ou a iminência do filme “The Social Network”. Apesar de importantes, estão longe de ser a principal ameaça.

Aqui vai o principal problema: o Facebook é incapaz de refletir a realidade das redes sociais, ou dos grupos sociais da vida pessoal. Por isso, alguns usuários começam a notar alguns efeitos, no mínimo, curiosos: quanto mais usam o Facebook, menor é a usabilidade da rede social virtual de Zuckerberg.

Percebe-se que nossos sentimentos com relação ao Facebook não são estáticos, eles variam. E desenvolvem-se em um sentido que pode motivar muitos usuários a abandonar a plataforma de interação, ou – pelo menos – diminuir o uso do site.

Baseado no conceito errôneo que prevê a inserção do usuário em uma rede social única, o Facebook ignora o fato de que ninguém frequenta apenas um grupo social isolado.

Interação precoce

Já aos nove anos de idade, você tem ao menos dois grupos sociais distintos: os pais e os amiguinhos. Adolescentes transitam entre três grupos; aos anteriormente citados unem-se os “amigos de confiança”. Alguém de meia idade estará inserido em vários grupos diferentes: ex-colegas de escola, ex-colegas de trabalho, extensões familiares, colegas de trabalho atuais, amigos próximos etc.

É certo afirmar que você pertence a todos esse grupos. Mas, no mundo todo, você é a única pessoa que pertence a esses grupos. Outras pessoas podem participar de um ou outro grupo seu, mas, de resto, elas orbitam em outro universo. É inevitável: mais cedo ou mais tarde esses diferentes grupos irão entrar em colisão.

Taxonomia

Vamos a alguns exemplos da vida real (os nomes foram alterados para proteção dos culpados):

Renato, filho de Maria, atualiza o status: “Dia muito legal na praia, com meus pais”. O chefe de Maria, do trabalho, comenta: “Maria, você não estava doente?”

Robinson divulga 30 fotos da universidade e identifica os amigos com as tags. Um desses colegas é Thiago, que aparece caindo de bêbado e todo coberto por, bem, “comida”. Por acaso essa foto vai parar na página da mãe de Thiago, que começa a reavaliar o quanto ajudam o filho com a mesada.

Tatiana resolveu postar um comentário sobre o mau humor que a invade no dia: “Hoje está difícil”. Cristina, amigona da família e pertencente ao grupo em que estão os membros da família de Tatiana, responde: “O que houve, querida?”. Pronto. Um rebanho de amigos de faculdade de Tatiana enviam uma série de comentários de gosto duvidoso  e dão a entender que as motivações do desânimo podem ser as mais esdrúxulas possível. Por ter participado da conversa, Cristina é obrigada a ler aquelas expressões hediondas exibidas na página inicial dela.

É real

Esses casos ilustram situações conflitantes entre determinados grupos sociais, em que alguém pertencente a um grupo acaba tendo acesso sintético, não natural, às informações de outro.

A ocasião mais promissora de bagunça é quando os pais de uma pessoa entram para a rede social para ver por onde andam os filhos.

Um site de jogos realizou uma pesquisa com 600 jovens e descobriu que 20% deles abandonaram o Facebook ou diminuíram a frequência de uso da rede social. Entre os que deram adeus à plataforma, 43% disseram haver “muita gente velha”, ou, ainda, “meus pais estão no Facebook também e quero ter privacidade”.

Os adolescentes são “o Norte” nessa questão. Certamente nós os seguiremos. Entre os usuários do Facebook parece haver um padrão evolutivo, no que tange aos sentimentos que nutrem com relação ao site.

Conheça os cinco estágios do Facebook:

1. Incerteza. O que é, e para que serve? Por que alguém se daria o trabalho de publicar algo nesse ambiente; aliás, quem é que vê isso tudo?

2. Encantamento. Olha, meus amigos da escola estão aqui. Ler meus comentários até que é legal, me sinto conectado. É divertido; vou olhar todo dia no Facebook. Amei!

3. Produzindo na rede social. Ficar em conexão com o Facebook me ajuda a aumentar as chances de trabalho, quando for a hora. Aproveito e aprendo alguma coisa sobre o comportamento dos outros, tem um monte de coisa acontecendo e não ficaria sabendo sem o Face. A rede social é mais útil de fazer e de usar que e-mails e dispensa telefonemas. Quero usar!

4. Constrangido. P*#@!, não queria que meus colegas do trabalho vissem essa foto marcada no Facebook. Tem muita coisa pessoal nesse post; não quis ofender ninguém – não vi que vocês estavam aí…

5. Saída estratégica. Não quero confusão e vou ter de lidar com tudo que falei nos posts, não me pertence mais. De agora em diante, ou escrevo menos e seleciono mais, ou saio de vez daqui.

“Ser social”

O Facebook parte do pressuposto da sociabilidade inata do ser humano. Estarmos conectados a quem conhecemos é instrução básica em nossos cérebros. Assim como o senso de privacidade entre os grupos que frequentamos e que não queremos confrontar.

Da mesma maneira que o Facebook veio sanar uma necessidade básica e acabou fazendo tremendo sucesso, a própria rede social de Mark Z., ou outro site, vai ascender por ter tomado as rédeas na solução do item nº 5, se houver.

A rede social perfeita

Essa rede do futuro vai se basear na matriz real do círculo de conhecidos dos usuários. Ela conseguirá oferecer privacidade às pessoas; elas poderão conversar tranquilas em seus grupos, sem temer que alguém de fora tenha acesso ao conteúdo.

Uma maneira fácil de fazer isso é permitir aos participantes a atribuição individual de cada contato a um ou mais grupos. De saída, poderia haver um grupo default de categorias: Família primária, mais família, ex-colegas, escola, preferidos etc.

Ao postar uma foto ou uma mensagem, o usuário deve poder definir quem terá acesso ao que foi enviado. Escolher entre alguns e todos os grupos é mais do que necessário.

Quem é você

Seria possível identificar as pessoas e os grupos associados pela cor da fonte nas mensagens; comentários não ultrapassam a clausura dos grupos em que foram gerados. Sobre o detalhamento de seu perfil, o sujeito da rede social do futuro vai marcar com X quem sabe o quê a seu respeito.

Quando o dono do perfil não pode escolher quem lê as mensagens, não as publica mais. Se não pode excluir uma pessoa do recebimento, irá excluir geral.

Eu te amo, mas..

O que chama a atenção nesse trajeto todo, do item primeiro até o quinto, é como esse horizonte é marcado pela silhueta montanhosa de amor e de ódio pela rede social; de ódio pelo Facebook. Você o adora, mas ele não satisfaz mais.

A pergunta no meio bilhão de cabeças das tribos facebookianas é: Quem vai criar essa rede? Será a Google e o tal do Google Me, ou será que… Pelas barbas do profeta, será a Microsoft?! Facebook? Quem sabe?

Ninguém sabe ao certo. O que se sabe é que a atual estrutura do Facebook é insustentável. De vez em quando acontece a colisão entre os grupos. Quando isso acontece, pode apagar as luzes , pois o show do Facebook acabou.

Uma opinião sobre “O que ainda falta ao Facebook? E o que poderá acabar com ele?”

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